EX-OBESA

domingo, 7 de novembro de 2010

Quase 4 meses

Minha amiga e eu, na comemoração do aniversário da filha dela. Primeira vez que tomo cerveja depois da cirurgia!!!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Cansei...

... de ser ponto de referência;

... de ouvir piadinhas sem graça sobre o meu peso;

... de ter o olhar reprovador das pessoas quando eu comia alguma coisa na rua;

... de me isolar das pessoas;

... de ser rejeitada pelos homens;

... de transar com a luz apagada;

... de ter vergonha do meu corpo;

... de deixar de ir à praia;

... de usar roupas que me servissem e não as que eu gostava;

... de sentir dores pelo excesso de peso;

... de não poder usar as lingeries que gostava;

... de ouvir de todos: "Você tem um rosto tão bonito!"

sábado, 14 de agosto de 2010

Crônica: Suco de Couve e Ração Humana

Por Walcyr Carrasco em 16/06/2010


Quando observo minhas imagens aos 20 anos, sinto ondas de fúria. Que tenebroso processo metabólico ocorreu para transformar aquele rapazinho magro em alguém com tanta vocação para engordar? Emagreci bastante há uns dois anos. Desde então, cometo loucuras para não engordar novamente. Alguns quilinhos ganhei, não nego. Se me distraio, os tais quilinhos se multiplicam espantosamente. Impossível perdê-los mesmo que eu percorra na esteira, diariamente, a distância do Oiapoque ao Chuí. Recentemente, um amigo inquiriu:

- Como faz para manter a forma?

- Simples, eu me transformei em uma experiência química!

A palavra química não se refere somente aos inúmeros complementos que absorvo diariamente, de comprimidos de clorofila a própolis em drágeas. Mas às combinações nas quais mergulho, que estabelecem uma química dentro do organismo. Ultimamente eu me dedico ao suco de couve e à ração humana. A receita do suco é simples: bato duas folhas de couve no liquidificador. Engulo aquela coisa verde. E penso, como se fosse um castigo: “Quem mandou engordar? Agora sofra!” Em seguida, tomo leite misturado com duas colheres de ração humana. Trata-se de uma mistura de cereais que, segundo se diz, oferece todos os compostos nutritivos necessários. Tem gosto de serragem. Está na moda. Todo dia conheço algum novo adepto da ração. Ou da couve. A mãe de um amigo garante ter perdido 20 quilos empanturrando-se com a dita cuja. Um primo resolveu todos os seus problemas intestinais com o suco. E por aí vai. Há quem diga que é delicioso. Sempre gosto de frisar:

- Se suco de couve fosse tão bom, seria oferecido em rodízio. E alguém troca uma picanha no espeto pela ração?

Faço também o regime do tipo sanguíneo. Segundo a teoria, cada tipo de sangue exige ou rejeita certos alimentos. Sou O positivo. Poderia emagrecer a cada garfada se conseguisse decorar a tabela do que devo ou não comer. Meus neurônios fervilham quando ergo um cardápio na mão. Só lembro que polvo é proibido. Ah, vida, justamente polvo, que eu adoro! Abro uma exceção.

Os gordos ou propensos a acumular banhas têm uma vantagem sobre os magros. Na árdua batalha dos regimes, ganham mais condição de conhecer a alma humana. Adquirem sabedoria. Meu melhor amigo, capaz de dar a vida por mim ou de no mínimo emprestar uma grana sem juros, não resiste a comentar quando me vê:

- O paletó está fechando?

O mesmo que condena meus 4 quilos extras como um juiz em um tribunal, insiste em me oferecer um doce quando vou visitá-lo. Ou um vinho. Algo que, enfim, engorde.

- Ah, desculpe, não devo, estou de regime.

- Imagine, só hoje!

Ai de mim! Não é preciso insistir muito!

Um outro amigo me trouxe ração humana feita no Pará por sua mãe, só com produtos da terra.

- É a melhor que existe, aqui em São Paulo você não encontra!

Para acompanhar o presente, uma caixinha de bombons.

- São de cupuaçu, você vai gostar...

Agradeço com uma careta. Se quer me ajudar a emagrecer, por que os bombons? Ah, traidor!

Vou jantar fora com uma amiga. Digo não à sobremesa. Ela sorri, elogia a minha força de vontade e escolhe meu doce predileto. Pisca, cúmplice:

- Garçom, traz duas colheres?

E lá vou eu!

Para quem vive em regime perpétuo, não basta evitar frituras, massa e açúcar. Mas sim enfrentar um complô que visa a engordá-lo. E o pior: na primeira chance, todo mundo comentará cada centímetro na barriga! Em relação a regime, a Solidariedade é Zero!

Fonte: Revista Veja.

domingo, 8 de agosto de 2010

16/07/2010 - Data do meu renascimento

Após anos de sofrimento, de episódios de depressão por conta do excesso de peso, das inúmeras tentativas frustradas de emagrecimento através das dietas convencionais (todo obeso conhece todas elas: dieta dos pontos, das notas, das proteínas, da lua, do sol, das estrelas etc.). Passei por inúmeros consultórios de nutricionistas e endrocrinologistas tomando aquelas fórmulas mirabolantes e remédios de tarja preta (inibidores de apetite) que me faziam emagrecer muito durante alguns meses e logo depois eu ganhava peso de novo, até mais do que eu tinha antes. Cheguei ao meu peso máximo: 112 Kg. Estava me sentindo horrorosa, muito infeliz e incapaz de conquistar qualquer homem. Me fechei completamente, não deixava ninguém chegar perto de mim pra me conhecer melhor. Saía para comprar roupas e era aquele sacrifício para encontrar algo que me caísse bem. Passei a comprar roupas numa loja especializada em moda para pessoas gordinhas. Até que eram roupas bonitas, mas mesmo assim eu não me sentia bem comigo mesma. Eu não queria mais aquilo pra minha vida. A saúde estava uma porcaria. Sentia muitas dores nas costas, nos joelhos e nos pés. Desenvolvi esporão de calcanho. Por conta dele, eu só podia usar sapatos de salto alto para concentrar o peso do corpo na parte da frente e assim não sobrecarregar o calcanhar. Quando usava sandálias baixas sentia dores horríveis. E não é só isso. Estava já entrando num quadro de pré-diabetes. A culpa de tudo isso? O excesso de peso. Foi aí que eu resolvi que faria a cirurgia de redução do estômago, também chamada de cirurgia bariátrica ou gastroplastia. Essa decisão veio logo após uma amiga minha de muitos anos, também chamada Renata, ter feito a cirurgia com uma equipe de Volta Redonda. Acompanhei todo o processo de emagrecimento dela e fiquei fascinada. Chamei-a para conversar e ela me contou tudo: os prós e os contras. Não é nada fácil ser uma gastroplastizada. Exige uma grande disciplina e um grande suporte do ponto de vista psicológico. A cabeça deve acompanhar as mudanças no seu corpo. Afinal de contas, o médico opera o seu estômago e não a sua cabeça! Mesmo que você sinta aquele impulso de comer, você percebe que o seu organismo não suporta mais. Além disso, depois que você passa pela fase da dieta líquida e pastosa e volta novamente a ingerir comidas sólidas, é preciso ter muita calma e atenção na hora de comer e mastigar muito bem todos os alimentos.

Foi então que procurando pela internet, encontrei o Dr. Roberto Frota Pessôa, um anjo na minha vida! Acessei o site dele e colhi todas as informações necessárias. Verifiquei tudo a respeito dele e da sua equipe e percebi que se tratavam de pessoas competentes e com real experiência no assunto. Aí logo marquei a consulta com ele, dia 03/05/2010. Essa consulta durou aproximadamente 1 hora . Ele me explicou todas as mudanças que seriam feitas no meu organismo, como seria a minha alimentação depois da cirurgia, todos os riscos, enfim, me deu uma verdadeira aula. Mas mesmo assim ele ainda me deixou a opção de pensar um pouco mais. Mas eu estava realmente decidida. Foi então que ele me passou todos os exames pré-operatórios necessários. Não são poucos, viu? Ele se cerca de todos os cuidados. Graças a Deus! Levei 2 meses para fazer todos. Aí retornei ao consultório e marcamos a cirurgia para 16/07/2010.

Permaneci muito confiante e não fiquei ansiosa nesse período de espera. Mas desenvolvi a "síndrome da despedida", acho que todos os obesos que estão para operar passam por isso. Desandei a comer tudo que eu sabia que não poderia mais comer após a cirurgia. Comi muito, comi com prazer, degustando realmente cada doce, cada massa, cada pedaço de carne. Fui ao McDonald's, fui a um rodízio de pizzas e comi "todas" as pizzas do mundo. Fiz isso sem culpa, pois eu sabia que depois não aguentaria nem comer a rodelinha da calabresa... rsrsrs.

Finalmente chegou o dia 16/07/2010, uma sexta-feira ensolarada, de céu azul. Internei-me no hospital do Amparo Feminino ao meio-dia, cumprindo um jejum absoluto (nem água podia) de 14h. Minha cirurgia estava marcada para as 15h. Quando deu mais ou menos 14h30min o maqueiro foi me buscar no quarto e levou-me para o centro cirúrgico. Somente quando cheguei lá é que o medo veio. Aí vieram as anestesistas, começaram a me preparar e me tranquilizaram, segurando a minha mão. Somente me lembro de uma delas colocando uma máscara no meu nariz. Ela disse que faria uma nebulização antes por causa da minha bronquite. APAGUEI. Quando acordei eu já estava no CTI, tremendo muito e sentindo muita dor. Mas logo me aplicaram a medicação e passou. Ficou tudo bem. Permaneci sem comer nem beber nada até o dia seguinte, na parte da tarde, quando tive alta para o quarto e iniciei a dieta líquida. Havia suco de maçã, água de coco e chá de cidreira para tomar e uma seringa de 20 ml, que servia para eu dosar a quantidade de líquido que deveria ingerir. É uma fase de teste, para verificar se o organismo vai aceitar os líquidos bem. Eu tinha que ingerir apenas 15 ml de um desses 3 líquidos de 15 em 15 minutos. Isso permaneceu até o final do dia. No dia seguinte, o meu médico passou lá para ver como eu estava reagindo, viu que eu estava bem e me deu alta. Mas foi categórico dizendo: "Caminhe. Caminhe bastante. Não fique parada, deitada na cama. Você não está doente, apenas foi operada!". E não me contendo de tanta alegria, fui para a minha casa e fiquei aos cuidados de mamãe. E caminhei. Caminhei muitíssimo! Caminho todos os dias. Deixei a preguiça de lado. Às vezes, ela tenta me dominar, mas eu sou mais forte que ela! Hoje estou com 23 dias de operada e 13 Kg a menos. Cada dia melhor e mais disposta.

De agora em diante será só alegria. Minha vida recomeça agora, aos 30 anos!

Obrigada Dr. Frota e a toda a sua equipe!

Fotos do antes - 3

Com o meu pai  no restaurante.

Fotos do antes - 2

Saindo para jantar. Comemoração dos 30 anos.

Fotos do antes - 1

Com o meu pai. Carnaval desse ano em Maricá.